quarta-feira, 16 de novembro de 2011
Expansão Marítima Portuguesa
Nos séculos XIV e XV, enquanto a Europa vivia sérias crises, Portugal lançou-se na grande aventura marítima. Em 1415, durante o início da dinastia de Avis, no reinado de D. João I, os portugueses fizeram sua primeira conquista ultramarina, o entreposto comercial árabe de Ceuta, no norte da África. Essa conquista possibilitou o avanço para o Atlântico Sul, contornando a costa africana.
A posse de novas e promissoras regiões ativou a ambição por mercadorias e riquezas, e o entusiasmo pelo expansionismo levou o filho de D. João I, o Infante D, Henrique, a fundar a Escola de Sagres. Geógrafos, navegadores, construtores de navios, enfim, técnicos e especialistas nas artes náuticas, reuniram-se para desenvolver seus conhecimentos e preparar as novas conquistas marítimas. Nessa época, criaram-se ou aprimoraram-se itens básicos para a navegação, como a caravela, a bússola e o astrolábio.
O impulso não podia mais ser contido, e a partir de 1415, o avanço luso foi crescente: 1419 – descoberta da Ilha da Madeira; 1427 – descoberta do Arquipélago dos Açores; 1434 – conquista do Cabo Bojador; 1445 – descoberta das ilhas de Cabo Verde.Em 1453, um acontecimento reforçou o processo expansionista luso: a conquista pelos turcos otomanos de Constantinopla, principal centro de obtenção de mercadorias orientais pelos italianos. Impedindo o comércio, os produtos alcançaram preços tão altos que compensava a busca de outros caminhos para o Oriente. Além disso, as descobertas de ouro na costa africana e a exploração de produtos, como marfim e madeira, reforçavam a aventura conquistadora.
A meta seguinte foi contornar o sul da África e dirigir-se para o Oriente, a fim de buscar na origem as riquezas das Índias. Assim, em 1462, os portugueses alcançaram o Golfo da Guiné; em 1482, o Congo; em 1487, uma expedição chefiada por Bartolomeu Dias chegou ao Cabo da Boa Esperança, no sul da África; até que, finalmente, em 1498, Vasco da Gama chegou a Calicute, nas Índias, um dos mais importantes centros comerciais do Oriente.
Em 1500, Pedro Álvares Cabral seguia para as Índias pela rota de Vasco da Gama e desviou sua frota para o oeste. Tomou posse do território americano pertencente a Portugal pelo Tratado de Tordesilhas, assinado com a Espanha em 1494 – o Brasil.
Primeira Missa
No dia 26 de abril, Frei Henrique de Coimbra rezou a primeira missa no novo território, e em 2 de maio, Cabral prosseguiu viagem em direção às Índias. Enviou de volta a Portugal uma das naus, com uma carta redigida pelo escrivão da armada, Pero Vaz de Caminha, relatando a missão e descrevendo a nova terra.
Período Pré-colonial
AS PRIMEIRAS EXPEDIÇÕES E O PAU-BRASIL
INÍCIO DA COLONIZAÇÃO
Capitanias Herditárias
Apesar dessas ações, a ameaça de invasão dos corsários estrangeiros, principalmente franceses, obrigou a Coroa Portuguesa a rever sua política de ocupação na colônia. A primeira medida tomada nesse sentido aconteceu em 1530, quando a expedição de Martim Afonso de Sousa foi enviada com os primeiros colonos a se fixarem definitivamente no espaço colonial.
No ano de 1534, dando continuidade ao projeto de tomada de posse, o rei dom João III dividiu a nova colônia em quinze faixas de terra. Cada um desses imensos lotes de terra integraria o sistema de capitanias hereditárias, que transferiu a responsabilidade de ocupar e colonizar o território colonial para terceiros. Nesse sistema, o rei entregava uma capitania a algum membro da corte de sua confiança que, a partir de então, se transformava em capitão donatário.
Aquele que recebia o título de capitão donatário não poderia realizar a venda das terras oferecidas, mas tinha o direito de repassá-las aos seus descendentes. No momento da posse, o capitão donatário recebia duas importantes documentações da Coroa: a Carta de Doação e o Foral. Nesse primeiro documento ficava estabelecido que o governo de Portugal cedia o uso de uma determinada capitania a um donatário e que este não poderia negociá-la sob nenhuma hipótese.
Já o Foral determinava o conjunto específico de direitos e obrigações que o capitão donatário teria em suas mãos. Ele poderia fundar vilas, doar sesmarias (lotes de terra não cultivados), exercer funções judiciárias e militares, cobrar tributos e realizar a escravização de um número fixo de indígenas. Com relação às atividades econômicas, ele poderia ter uma parte dos lucros, desde que isso não ferisse os direitos de arrecadação da Coroa Portuguesa.
Apesar de tantas especificidades e regras de funcionamento, o sistema de capitanias hereditárias acabou não alcançando os resultados esperados. A falta de apoio econômico do governo, a inexperiência de alguns donatários, as dificuldades de comunicação e locomoção, e a hostilidade dos indígenas dificultaram bastante a execução deste projeto. Com o passar do tempo, muito donatários abriram mão do privilégio e outros nem mesmo reuniram recursos para atravessar o Atlântico e formalizar a posse.
As capitanias de São Vicente e Pernambuco foram as únicas que conseguiram prosperar e superar as dificuldades da época. A explicação dada para esses dois casos se encontra nos lucros obtidos com a instalação da indústria açucareira nestas regiões. Posteriormente, os portugueses decidiram centralizar o modelo político-administrativo do território com a implantação do Governo-geral. Somente em 1759, as capitanias hereditárias desapareceram com a ação do ministro Marquês de Pombal.
Governo Geral
Respondendo ao fracasso do sistema das capitanias hereditárias, o governo português realizou a centralização da administração colonial com a criação do governo-geral, em 1548. Entre as justificativas mais comuns para que esse primeiro sistema viesse a entrar em colapso, podemos destacar o isolamento entre as capitanias, a falta de interesse ou experiência administrativa e a própria resistência contra a ocupação territorial oferecida pelos índios.
Em vias gerais, o governador-geral deveria viabilizar a criação de novos engenhos, a integração dos indígenas com os centros de colonização, o combate do comércio ilegal, construir embarcações, defender os colonos e realizar a busca por metais preciosos. Mesmo que centralizadora, essa experiência não determinou que o governador cumprisse todas essas tarefas por si só. De tal modo, o governo-geral trouxe a criação de novos cargos administrativos.
O ouvidor-mor era o funcionário responsável pela resolução de todos os problemas de natureza judiciária e o cumprimento das leis vigentes. O chamado provedor-mor estabelecia os seus trabalhos na organização dos gastos administrativos e na arrecadação dos impostos cobrados. Além destas duas autoridades, o capitão-mor desenvolvia ações militares de defesa que estavam, principalmente, ligadas ao combate dos invasores estrangeiros e ao ataque dos nativos.
Na maioria dos casos, as ações a serem desenvolvidas pelo governo-geral estavam subordinadas a um tipo de documento oficial da Coroa Portuguesa, conhecido como regimento. A metrópole expedia ordens comprometidas com o aprimoramento das atividades fiscais e o estímulo da economia colonial. Mesmo com a forte preocupação com o lucro e o desenvolvimento, a Coroa foi alvo de ações ilegais em que funcionários da administração subvertiam as leis em benefício próprio.
Entre os anos de 1572 e 1578, o rei D. Sebastião buscou aprimorar o sistema de Governo Geral realizando a divisão do mesmo em duas partes. Um ao norte, com capital na cidade de Salvador, e outro ao sul, com uma sede no Rio de Janeiro. Nesse tempo, os resultados pouco satisfatórios acabaram promovendo a reunificação administrativa com o retorno da sede a Salvador. No ano de 1621, um novo tipo de divisão foi organizado com a criação do Estado do Brasil e do Estado do Maranhão.
Ao contrário do que se possa imaginar, o sistema de capitanias hereditárias não foi prontamente descartado com a organização do governo-geral. No ano de 1759, a capitania de São Vicente foi a última a ser destituída pela ação oficial do governo português. Com isso, observamos que essas formas de organização administrativa conviveram durante um bom tempo na colônia.
http://www.brasilescola.com/historiab/capitanias-hereditarias.htm